sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Desabafo

A cada instante sinto-me sozinha e tenho medo de que algo me aconteça...
Sou fraca e já tentei derramar lágrimas carmim dos meus pulsos
Olho a chuva lá fora e lembro-me dos momentos em que nós sentávamos na varanda
Ficávamos olhando aquela fina cortina d'água
O lindo arco-íris depois das lágrimas celestiais 
Derramadas sobre a criação divina de Deus,
sua mais perfeita obra, onde habita seus filhos e servos
Quando olho no espelho, vejo uma estranha que tenta se esconder do mundo
E a cada segundo que passa tenta cometer suicídio de seus sentimentos
Não aguento a insegurança de não te ter mais em meus braços
Aquela tragédia no meio de brasas que cobriam a nossa casa
Lembro-me perfeitamente de quando eu voltava para casa naquela noite
As chamas entravam em meus olhos e queimava cada canto do meu corpo
Lentamente
Até chegar no coração, quando os bombeiros disseram que não havia mais jeito
Fizeram todo o possível, mas você já tinha dado o último adeus
Meus olhos se encheram de lágrimas
E então tudo escureceu
Três meses em coma causados pelo choque que me nocauteou
Naquele oitavo mês de gravidez
No hospital, fizeram o meu parto, meu pequeno nasceu forte
Lindo como o pai que jamais conheceria pessoalmente
Hoje, com três anos, é ele quem enxuga minhas lágrimas
Da dor de ter perdido o homem da minha vida
Com quem eu pretendia passar o resto da minha vida 
É ele quem não me deixa mais tentar cometer loucuras
Suicidar-me não resolveria nada
Apenas deixaria sozinha a pessoa que eu amo mais do que tudo nessa vida

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